The grass was greener

Pela 1329803498503º vez recebi um e-mail sobre a infância nos anos 80. Puta saco.
Todo mundo lembra do Merlin, Genius, Pogobol, Dip’n’lik ( não dip link como uns otários falam ), Caverna do Dragão, sua mãe magra, etc.

Nasci em 78, então minha infância e pré-adolescência foram nessa década.

Mas andei pensando com meus botões esses dias, a vida adulta ( pelo menos o início dela ) nos anos 80 deve ter sido sensacional, muito melhor que a infância, with no shadow of a doubt ( como eles dizem na América ).

Porra, ouço meus primos de 40, 40 e poucos anos falando, dá até inveja. Pra começo de tudo a AIDS era outra coisa, só nos meados da década de 80 que o bicho começou a pegar, então imagina, metade de uma década podendo abotoar as minas “ descalço “, preocupado apenas em empurrá-las escada abaixo depois, pra perderem o bebê.

A música é um capítulo à parte: início da carreira e consagração do U2, Metallica lançando Master of Puppets e And Justice for All, Iron Maiden lançando The Number of the Beast e Powerslave. Paralamas tocando ska de verdade, Ultraje falando merda, The Clash, Ramones, The Police, Dire Straits, e por aí vai.. Se vc tivesse sorte, até cavava um show do Queen no Morumbi.

Sem contar o Michael, ainda preto.

E o futebas então? Vc ia ao estádio, e via Zico, Careca, Falcão e Sócrates. Outro nível!
Os jogadores de seleção jogavam aqui, nos campeonatos estaduais e no brasileiro. Não todos, mas boa parte deles.

Os carros eram quase todos iguais. Não tinha um muito fudido e um muito zuado. A diferença era menos gritante do que hoje. Não tinha essa merda de lançar um modelo novo do carro a cada ano. Meu Fiestinha coitado, tá velho já, mesmo estando novo.
O trânsito não era tão caótico, nem existiam os filhos da puta dos motoboys.

Porra, imagina só? Vc vai numa balada, tá tocando umas bandas que ninguém conhece muito ainda ( U2, Paralamas ), ou a música nova do The Clash. Vc conhece uma puta gata, sai da festa, e entuba ela, sem ter que parar pra colocar camisinha. Aí acorda no outro dia, vai pro estádio, vê o Careca destruir com algum time, e volta pra casa com seu Voyage cromado, não tem que ficar desviando de algum marginal de moto que passou no vermelho, e chega rápido em casa.

Como eu era criança, não aproveitei essas coisas. Não sabia o que era AIDS direito, não ouvia 10% das bandas que ouço hoje, não ia ao estádio, nem sonhava em aprender a dirigir.

Antes que algum barbudinho da USP fale alguma coisa, eu sei que a situação econômica ( do Brasil ) era ridícula, tinha a Guerra Fria, etc, etc. Mas isso é outra história, caralho.

É importante ressaltar que eu falei tudo isso sob o ponto de vista de um macho. Lenço no pescoço deve pensar diferente, mas como sempre, quero que se foda.

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