16/07/2009

A caixa e o tubo



Eu respeito a caixinha da pasta de dente. Não sou apaixonado, mas respeito. Ela cumpre a sua função na sociedade. Ó, você vai ao supermercado comprar Twix. Aí lembra que também seria bom comprar algo para a sobremesa. No caminho entre o Twix e o bolinho Ana Maria, acaba atravessando a seção da pasta de dente. Como você só vai voltar ao supermercado daqui a uma semana – quando acabarem esses dois carrinhos de Twix – de repente é o caso de comprar logo a pasta. Mas, com tanta opção, como escolher? Do mesmo jeito que se escolhe qualquer coisa: a mais bonita ganha. Daí a importância da caixinha.

 

Agora, o tubo da pasta de dente é um negócio que não dá pra entender. Pô, aquela joça é lotada de mensagens como “dentes mais brancos”, “combate a placa bacteriana”, “nova fórmula”. Pra quê? Pra me convencer que aquela pasta é melhor do que as outras? Brother, eu já comprei. Se eu estou com o tubo na mão, é porque eu já paguei, já abri a caixinha e já tô pronto para passar a pasta na ponta de um Twix e escovar os dentes. Acabou. Não existe razão pra vir encher o meu saco com um tubo cheio de informação a essa altura do campeonato. 

 

A única coisa que deveria estar escrita no tubo da pasta de dente é “PASTA DE DENTE”. Assim eu iria parar de confundir com o tubo do creme para barbear. Não que faça muita diferença: é até divertido ir pro trabalho soltando bolinhas de sabão pela boca. O problema é que, pra compensar, eu me sinto na obrigação de fazer a barba com a pasta de dente. E perde-se muito tempo, porque a lâmina não escorrega legal. Já quando eu confundo o tubo da pasta de dente com o tubo do gel pra cabelo é mais tranquilo, porque o coeficiente de fixação é praticamente o mesmo.


Por isso eu já escrevi uma carta pra Apple recomendando que eles entrem no segmento de pasta de dente. Não enviei: preferi entregar, em mãos, pro coreano que me vendeu um iPod. Falei pra ele encaminhar com urgência, porque os caras lá tão claramente perdendo uma oportunidade. Certeza que eles fariam o tubo de pasta de dente dos sonhos de qualquer um, com mp3, câmera e acesso à internet. 

Mas a galera iria comprar só por causa do design.


9 comentários:

pampa disse...

puta que pariu, Jeffrey é um monstro sagrado da ideologia contemporânea valebombense.
Demais.
Os shampoos tb estão foda..."cabelos rebeldes", "cabelos suaves após às 18h". Lança logo o verdadeiro "shampoo pra homem".

Servílio disse...

Jeffrey, espetacular!
Pampa, vai atravessar o post agora? Tá na pauta escrever um sobre shampoo. Tá foda de comprar.
Demais!

Fucha disse...

Ok, concordo mas a questão é: e se eu emprestar minha pasta de dente pra alguém? No trabalho acontece muito, 'ow, empresta sua pasta de dente'! Daí a pasta em questão perde a chance de ganhar um novo consumidor, certo? Errado. É só perguntar pra mim que pasta é. Ok. Vc tem total razão.

Agro disse...

Jeffrey é um dos maiores pensadores contemporâneos.
Gosto do comercial da Sorriso, onde um cidadão faz um bola de água, enquanto está embaixo d'água( possível ), e depois joga no amigo.

Eduardo Mion disse...

Além de tudo essa cena da propaganda equivale a cuspir na cara do amigo.

Anônimo disse...

Ah, mas se o maluco cuspir no amigo depois de escovar os dentes com Sorriso nao pega nada, o cuspe ta limpo...

Anônimo disse...

Cara, vcs tao viajando. Viajando!
O tubo de pasta de dente tem um monte de coisas escritas pra vc ler no banheiro quando tá dando um barro e esqueceu o jornal.
e se for de novo dar um barro e já decorou
o que sta escrito na pasta de dente, vc lê os shampoos.

michael disse...

é que dificilmente a gente entra no banheiro só pra mandar um gones. já leu o post dos combos?

Toríbio disse...

Excelente.
E shampoo realmente tá foda de comprar. Um amigo meu e do Servílio costumava comprar um shampoo que deixaria os "cabelos cinco vezes mais lisos".